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Obama não classificará massacre armênio de 1915 como genocídio


Mesmo com a oposição do Departamento de Estado, presidente americano optou por evitar a denominação para não criar atritos com o governo turco


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama(Jonathan Ernst/Reuters)
O presidente americano Barack Obama recuou de uma de suas promessas políticas e decidiu não classificar como genocídio o massacre de cristãos armênios cometido por soldados otomanos no início de 1915, quando a Armênia era parte do Império Turco-Otomano, governado a partir de Istambul. O tema foi discutido entre representantes da Casa Branca e lideranças armênias nos Estados Unidos por uma semana. A decisão de Obama teria o objetivo de evitar atritos com o governo da Turquia.
Historiadores estimam que o número de armênios mortos possa chegar a 1,5 milhão. Turcos muçulmanos reconhecem que muitas pessoas foram mortas pelas tropas otomanas, mas rejeitam a classificação de genocídio por não concordarem com os registros históricos. Durante o período em que foi senador e candidato à Presidência, Obama chegou a falar abertamente em genocídio e defendeu a responsabilidade dos Estados Unidos de reconhecê-lo como tal. Em 2008, o presidente prometeu que a Casa Branca passaria a tratar o massacre como genocídio, o que levou a atual embaixadora do país na ONU, Samantha Power, a gravar um vídeo de cinco minutos pedindo o voto de cidadãos americanos de origem armênia por ter a certeza de que Obama manteria sua palavra com relação ao assunto.
O presidente, contudo, nunca tratou do reconhecimento do genocídio desde que assumiu o poder. Em meio à guerra civil na Síria e ao combate aos terroristas do Estado Islâmico (EI) no Oriente Médio, a Turquia tem se mostrado um aliado estratégico para os Estados Unidos. O país também é integrante da Otan, e forçar uma queda de braço diplomática neste momento prejudicaria os interesses americanos na região. O jornal britânico The Guardian, no entanto, pontuou que a postura de Obama não foi bem aceita dentro de sua administração. Funcionários do Departamento de Estado e do Pentágono esperavam que o presidente fosse aproveitar as celebrações de 100 anos do massacre para reconhecer o massacre como genocídio.
Outro ponto que pode ter pesado para o recuo de Obama foi a reação desmedida do governo turco após o papa Francisco ter falado abertamente em genocídio armênio durante um sermão. Ancara não só condenou o pontífice por suas declarações como também afirmou que ele fazia parte de "uma frente diabólica" para desmoralizar a Turquia perante a comunidade internacional. "Quero lhe dar um aviso. Espero que ele não volte a cometer um erro desse tipo", afirmou o presidente Recep Tayyip Erdogan na última semana, ao se dirigir ao papa durante um discurso.
Entrar em rota de colisão com Erdogan no momento em que Obama se aproxima da reta final de seu mandato também seria uma prova de que a Casa Branca falhou na missão de estreitar os laços com os turcos. Os mandatários dos dois países nunca tiveram uma relação declaradamente boa e enfrentaram momentos de turbulência nos dois últimos anos, quando abusos contra os direitos humanos foram cometidos pelo governo turco contra manifestantes descontentes com as políticas de Erdogan.
Postura internacional - Após Francisco se tornar o primeiro papa a pronunciar publicamente a palavra "genocídio" em relação ao massacre, governos europeus seguiram e exemplo e já se manifestaram favoráveis ao reconhecimento. Na quarta-feira, o Parlamento da Áustria fez pela primeira vez na história um minuto de silêncio em memória aos mortos.
A cerimônia também contou com a redação, por parte dos seis grupos representados na Casa, de uma declaração conjunta reconhecendo o genocídio, mas que não foi votada por carecer de valor legal. A chanceler alemã, Angela Merkel, também apoiou um projeto de resolução que reconhece o genocídio, embora tenha advertido que isso poderá prejudicar o processo de reconciliação entre os governos de Turquia e Armênia.
Definição - A palavra genocídio começou a ser usada com frequência depois do massacre de judeus na II Guerra Mundial. Mais de meio século depois, porém, sua definição continua a provocar discussões. Leis e correntes de estudiosos levam em conta, por exemplo, perseguições religiosas. Mas, segundo a própria origem da palavra, cometer genocídio significa tentar erradicar, por meio da violência, um grupo que possui os mesmos genes.
Desse modo, genocídio é o assassinato de pessoas baseado na sua herança genética, ou seja, suas características étnicas - importa menos, portanto, religião, classe social, nível educacional ou a crença política das vítimas. Além disso, uma característica dos genocídios é que os opressores não se satisfazem em matar apenas seus oponentes ativos, eles caçam e eliminam todos os homens, mulheres, crianças e bebês do grupo étnico transformado em alvo.
(Da redação)

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