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Alcaçuz vive rotina de fugas

Nadjara Martins
repórter

Se mantiver o ritmo de fugas registrado nos últimos 16 dias, em um mês e meio, o Pavilhão 2 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz estará esvaziado. Em abril, durante duas fugas, 67 apenados escaparam do presídio utilizando a mesma estrutura: um túnel subterrâneo ligando o pavilhão à parte de trás do presídio. A fuga mais recente – e a maior da história da unidade –  ocorreu na madrugada desta quarta-feira (22), na qual 35 homens deixaram o presídio. Para o Governo do Estado, não há solução à vista para diminuir as evasões. “Não tem o que fazer, porque os presos estão soltos e dispostos a fugir. Não entra ninguém [nos pavilhões]”, afirma o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Edilson França.
Emanuel AmaralEm 15 dias, 67 apenados fugiram usando um túnel, que liga o pavilhão 2 e a parte de trás do presídioEm 15 dias, 67 apenados fugiram usando um túnel, que liga o pavilhão 2 e a parte de trás do presídio

Apenas dez apenados foram recapturados desde a primeira fuga, em 6 de abril. Apesar de a entrada do túnel ter sido obstruída com concreto, os apenados refizeram a abertura e construíram uma nova passagem. Pouco mais de três metros separam os dois túneis. Por volta das 3h desta quarta-feira (22), os agentes penitenciários notaram a movimentação no Pavilhão 2. Naquele momento, sete das dez guaritas do presídio estavam ocupadas por policiais militares e sete agentes penitenciários cuidavam de 950 apenados. No início da manhã, dois presos foram recapturados nas proximidades de Cajupiranga, em Parnamirim.

De acordo com a diretora do presídio de Alcaçuz, Dinorá Simas, hoje os presos circulam livremente dentro dos pavilhões. Durante os motins nas unidades prisionais do Estado, em março, celas e grades foram completamente destruídas – o que dificulta, inclusive, a entrada dos agentes penitenciários para revistas. “Isso facilita [a fuga]. Se fechado eles ainda conseguem escapar, imagine livres”, comentou a diretora. “A última revista no pavilhão 1 aconteceu há 15 dias”, acrescentou. Mesmo com a fuga, foram mantidas as visitas íntimas, programadas para as quartas-feiras, nos outros pavilhões do presídio.

Ainda na manhã de ontem, os agentes penitenciários fizeram novamente a cobertura do túnel com ferro e concreto. Entretanto, para vice-diretor da unidade, Cleibson Câmara, isso não evitará novas fugas. “O rol central do pavilhão está oco. Eles retiram a areia e guardam dentro das celas. Não adianta fazer a entrada e a saída, mas não fazer o caminho”, comentou. Uma das deficiências para destruir os túneis é a falta de maquinário. “Não está tendo revista, eles estão à vontade. Olhe que vão fugir mais, não sei como ainda não fugiram”, avisou.

Em entrevista por telefone, o secretário de Estado da Justiça e Cidadania se disse “frustrado” com a notícia de nova fuga. Entretanto, segundo ele, todas as medidas possíveis já foram tomadas. A Sejuc aguarda a finalização das reformas nas unidades – incluindo no pavilhão quatro de Alcaçuz – para fazer a redistribuição de presos. Ele garante que são feitas revistas nas unidades a cada três dias. 

“A direção de Alcaçuz está desinformada, como sempre. Estabelecemos um cronograma de revistas de, no mínimo, três dias, e já começamos desde a última fuga. Inclusive houve resistência e tivemos que usar a força”, afirmou. “Mas não tem o que fazer porque os presos estão soltos e dispostos a fugir. Não entra ninguém, só com apoio do Batalhão de Choque e do Grupo de Operações Especiais. Não posso deixar um agente dentro de cada pavilhão”, acrescentou.

Entretanto, o coordenador de Administração Penitenciária, Durval Franco, reconheceu que, com a defasagem nos efetivos de agentes penitenciários, que compõem o Grupo de Operações Especiais (GOE) e Grupo de Escolta Penitenciária Estadual (GEPE), não foi possível efetivar as ações. “Temos dificuldades em operacionalizar o cronograma. Vamos ver a possibilidade de diminuir o espaço de tempo entre as revistas porque isso exige um planejamento, equipamento e há um grau de risco envolvido”, apontou o coordenador.

Pavilhão dois: 33 continuam nas ruas

Foragidos
Jackson Souto de Souza
João Maria da Silva
Manoel Paulino da Silva
Ítalo Ralan de Melo Lopes
Jean Gomes Chiola do Nascimento
Leandro Marquez dos Santos Silva
Genilson Antônio do Nascimento
Jariedson Bezerra de Moura  à Jonas Martins de Souza
Paulo Cesar Ferreira Xavier
Ricardo Lucio George de S. Feitosa
Wenio Rodrigues de Melo
Marcos Antônio Pereira
Rafael Silva de Souza
Manoel Soares da Silva
Rafael Girão Lopes 
Rodrigues Caetano da Silva
Fábio Augusto Bezerra de Miranda
Francisco Fábio da Silva
Francisco Matheus de Medeiros Silva
Fabiano Carneiro da Cunha
Francisco Danilo Nunes de Aquino
Francisco Italo Vieira da Silva
Emanoel Jalison Jorge da Silva
Fabrício Ferreira Gomes
Francisco Govanilson 
Clementino Duarte
Antônio Carlos Pereira Bezerra
Daniel Thiago Souza da Costa
Adriano Araújo da Silva
Bruno Hallys de Andrade Coutinho
Douglas Winnes Silva de Jesus
Willian Pereira dos Santos
Ataíde Rosberg Pereira da Silva

Recapturados
David Martins da Costa (Roubo)
Valdir Correia da Silva (Homicídio)

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